quinta-feira, 1 de maio de 2008

Utilização a longo prazo de altas doses de aspirina pode reduzir a incidência de câncer


De acordo com os resultados de um estudo de uma extensa coorte publicado no volume de 18 de abril do Journal of the National Cancer Institute, o uso de altas doses (≥ 325mg) de aspirina administrada diariamente por cinco anos ou mais foi associado a uma redução de 15% na incidência geral de câncer.
“Evidências epidemiológicas indicam que o uso de aspirina é associado à redução de riscos de câncer de cólon e provavelmente de outras neoplasias, incluindo próstata e mama”, relatou Dr. Eric J. Jacobs, PhD, da American Cancer Society em Atlanta, Geórgia. Ele lembra que estudos recentes indicam que baixas doses de aspirina (100 mg, em dias alternados) não parecem reduzir substancialmente o risco de câncer. Contudo, o efeito potencial do uso prolongado de altas doses na incidência de câncer permanece incerto.
Os pesquisadores determinaram associações entre o uso diário prolongado de altas doses de aspirina (≥ 325 mg/dia) e incidência de câncer, como também a incidência de dez tipos de câncer em 69.810 homens e 76.303 mulheres participantes do Cancer Prevention Study II Nutrition Cohort, uma população relativamente idosa. Os índices foram determinados por regressão proporcional multivariada de Cox.
Após padronização por gênero e idade, a incidência de câncer por 100.000 pessoas-ano com uso diário prolongado de aspirina e sem uso de aspirina foi 1.858 e 2.163, respectivamente, entre homens e 1.083 e 1.169, respectivamente, entre mulheres. O uso prolongado diário de aspirina foi relacionado com redução da incidência de câncer colorretal (razão da taxa de incidência, 0,68; intervalo de confiança de 95% [IC], 0,52 – 0,90; entre homens e mulheres combinados) e câncer de próstata (razão da taxa de incidência, 0,81; IC de 95%, 0,70 – 0,94) e uma diminuição não significativa em câncer de mama (razão da taxa de incidência, 0,83; IC de 95%, 0,63 – 1,10).
Os autores declararam que o uso diário prolongado de altas doses de aspirina pode estar associado com pequena redução na incidência de câncer de cólon, próstata e mama.
As limitações do estudo incluem o desenho observacional sujeito a confusão, a falta de dados sobre efeitos colaterais do uso diário de altas doses de aspirina, o poder estatístico insuficiente para avaliar o uso diário prolongado de aspirina de baixa dose e a impossibilidade de generalização para outras populações.
Uma confirmação com estudos randomizados se faz necessária antes que a redução do risco de câncer possa ser considerada como um dos benefícios do uso de aspirina. Esses estudos devem ser longos, em torno de dez anos, segundo os autores, para definir a importância clínica da droga, quem deve usá-la e em que dose.

Laurie Barclay

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