sábado, 31 de maio de 2008

Gel contra a AIDS



Testes, testes e mais testes — o gel antiaids ainda vai passar por muitos deles antes de chegar ao mercado. Um caminho que vai levar, segundo estimativa dos pesquisadores, no mínimo cinco anos. E olha que os estudos com a substância já ultrapassam uma década. Eles começaram em 1996, quando a bióloga Valéria Teixeira, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, identificou e isolou o composto químico dollabelano diterpeno em uma alga marinha chamada Dictyota pfaffii. Ela foi coletada no Atol das Rocas, paraíso ecológico em alto-mar que pertence ao estado do Rio Grande do Norte.
As investigações iniciais mostraram que essa substância agia como um poderoso microbicida contra o HIV. E ganharam impulso após a adesão ao projeto do Instituto Oswaldo Cruz e da Fundação Ataulpho de Paiva, no Rio de Janeiro. Foi quando surgiu a idéia de acrescentar o composto a um gel lubrificante — e com uma finalidade precisa, que seria a proteção do organismo feminino.
Os primeiros experimentos em laboratório provaram a eficácia da droga contra a contaminação e empolgaram os pesquisadores. Eles, então, mergulharam mais fundo nos trabalhos e, muito além das cobaias, passaram a esquadrinhar a ação do gel em células do útero humano. Os resultados foram pra lá de animadores. “Observamos que o dollabelano diterpeno consegue sobreviver por várias horas na flora vaginal sem sofrer grandes alterações e sem perder sua eficácia”, explica Luiz Roberto Castello Branco, coordenador do Centro de Desenvolvimento e Testagem de Microbicidas do IOC/Fiocruz. “Para o sexo anal não sabemos se o efeito será o mesmo. Na mucosa dessa área há bactérias que podem interferir na ação do gel”, completa. De qualquer forma, os estudos clínicos só vão começar após a comprovação da segurança do produto.
No Brasil, apenas em 2006 mais de 32 mil novos casos de contaminação pela aids foram registrados no Ministério da Saúde. E foi no sexo feminino que as taxas da doença mais cresceram nos últimos anos (veja o gráfico abaixo). “Os microbicidas estão sendo vistos como uma nova fronteira na prevenção da doença em mulheres, que muitas vezes deixam de usar camisinha por uma questão cultural e se expõem a um risco enorme de contágio”, conta Mariangela Simão, diretora do Programa Nacional DST/Aids do Ministério da Saúde. Ela faz uma ressalva importante: “A chegada desse gel ao mercado não vai dispensar o preservativo. Ambos deverão ser usados para barrar o vírus”.


Comer alho faz bem para o coração


Alho não deixa só o hálito ruim. Na verdade, os compostos de enxofre responsáveis por essa mudança de cheiro podem ser extremamente benéficos para o homem, pois ajudam a reduzir a pressão sanguínea, oxigenar mais os órgãos e reduzir a pressão sobre o coração. Estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Alabama, Estados Unidos, descobriram que a alicina, substância presente no alho, deve ser incluída na dieta a fim de prevenir doenças cardíacas e circulatórias.Os compostos de enxofre provenientes da quebra da alicina reagem com as hemácias e produzem um outro composto hidrogenado, que estimula o relaxamento das células que formam as paredes internas dos vasos, dilatando-as. Em conseqüência, a pressão sanguínea diminui, mais sangue circula e mais oxigênio é levado aos órgãos, reduzindo a pressão exercida sobre o coração. A experiência consistiu em mergulhar vasos sanguíneos de ratos em uma solução contendo líquido extraído de alho. Os resultados foram significativos: a tensão nos vasos foi reduzida em 72%.Segundo o chefe dos pesquisadores, Dr. David Kraus, a presença de alho na dieta é comprovadamente benéfica. ?Em áreas onde o consumo desta planta é alto, como no Mediterrâneo e no Extremo Oriente, o índice de doenças cardiovasculares é baixo", disse. A cardiologista Judy O'Sullivan, da Fundação Britânica do Coração, admite que o alho pode ser benéfico para a saúde, mas alerta para o consumo exagerado de suplementos de alicina. ?Em grande quantidade, essa substância reage com remédios que afinam o sangue (usados por hipertensos e cardíacos) e aumenta o risco de hemorragias?, disse.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Um passo a mais para definir a dose de warfarin pela genética?

Autora: Lisa NainggolanPublicado em 05/03/2008

Nashville, TN – Um recente estudo prospectivo demonstrou que as variações em um gene afetam a resposta inicial ao warfarin, mas a variabilidade em um outro gene não. [1] As variações genéticas nos genes CYP2C9 (citocromo P450, a enzima que metaboliza o warfarin) e VKORC1 (vitamina K epoxide redutase, que é um alvo farmacológico importante do warfarin) observadas pelo Dr. Ute I Schwarz, da Vanderbilt University School of Medicine, Nashville, TN, e colaboradores foram previamente demonstradas influenciando as respostas individuais ao warfarin. Os pesquisadores relataram suas descobertas no volume de março da revista médica New England Journal of Medicine.
“Nosso estudo mostrou que, durante as primeiras semanas da terapia com warfarin, a variação no gene VKORC1 representa um determinante mais importante para a sensibilidade ao warfarin do que a variação no gene CYP2C9”, declarou ao heartwire o autor principal Dr. C Michael Stein (Vanderbilt University School of Medicine).
Em um editorial anexo,[2] Dras. Susan B Shurin e Elizabeth G Nabel (National Heart, Lung, and Blood Institute [NHLBI], Bethesda, MD) disseram: “Esses achados acrescentam informações importantes ao conhecimento sobre a farmacogenética do warfarin, mas também nos fazem lembrar que a história do warfarin está longe de terminar”.


Primeiras semanas da terapia com warfarin são problemáticas

Schwarz e colaboradores explicam que a terapia com warfarin é desafiadora devido à grande variação nas respostas e, portanto, nas necessidades da dose. Para alcançar e manter uma dosagem ideal de warfarin, o tempo de protrombina e o Índice de Normalização Internacional (no original em inglês, International Normalized Ratio – INR) são monitorados e as doses são ajustadas para manter o INR de cada paciente dentro de uma estreita faixa terapêutica. Um INR <2>4 leva a um risco aumentado de hemorragia.
Os pesquisadores afirmam que estudos anteriores demonstraram que pacientes com certas variantes genéticas comuns do gene CYP2C9 necessitam de uma dose menor de warfarin e um tempo maior para alcançar uma dose estável, além de apresentarem um maior risco de alta anticoagulação e hemorragia grave. Polimorfismos no gene VKORC1 são, também, associados a uma menor necessidade de warfarin durante a terapia de longo prazo e, em algumas pesquisas, demonstrou contribuir mais na variação da necessidade da dose do que os do gene CYP2C9. Seguindo essas observações, o FDA aprovou no ano passado uma mudança de embalagem para o warfarin, descrevendo os efeitos estudados do CYP2C9 e VKORC1 nas necessidades da dose.
Contudo, “existe pouca informação sobre a as contribuições relativas do CYP2C9 e VKORC1 na resposta à anticoagulação em pacientes durante a iniciação da terapia com warfarin”, destacam os pesquisadores.
Dr. Stein explica que a dose individual de warfarin para um determinado paciente tem sido realizada na base da “tentativa e erro”. Esse processo pode levar várias semanas, porque são necessários alguns dias para que os efeitos de uma mudança na dose de warfarin atinjam uma nova resposta estável. A dose de warfarin que pessoas diferentes precisam pode variar mais do que um fator de 10, ele explica.

Resposta precoce é fortemente influenciada pela variabilidade no VKORC1

Os pesquisadores examinaram os efeitos das variantes do CYP2C9 (designadas CYP2C9*1, CYP2C9*2 e CYP2C9*3) e do VKORC1 (designadas A e não-A) em uma coorte de 297 pacientes selecionados prospectivamente que estavam iniciando a terapia com warfarin por uma série de indicações clínicas. Os desfechos do estudo foram: o tempo para o primeiro INR dentro da faixa terapêutica, o tempo para o primeiro INR >4, o tempo acima da faixa terapêutica de INR, a resposta de INR ao longo do tempo e as necessidades da dose de warfarin.
Os pesquisadores observaram que a primeira resposta de INR ao warfarin foi mais fortemente influenciada pela variabilidade genética no gene VKORC1 do que nos genótipos CYP2C9. Especificamente, os pacientes com os genótipos A/A do VKORC1 apresentaram um tempo diminuído para o primeiro INR dentro da faixa terapêutica (p = 0,02 em comparação com o genótipo não-A/não-A) e para um INR >4 (p = 0,03 em comparação com não-A/não-A). Essas diferenças nas respostas ocorreram independentemente do ajuste empírico da dose de warfarin, destacaram.
Por outro lado, os genótipos CYP2C9 não afetaram o tempo do primeiro INR dentro da faixa terapêutica, mas predisseram o tempo do primeiro INR >4 (p = 0,03). As variações de ambos os genes foram associadas às necessidades da dose de warfarin após as duas semanas iniciais de terapia, mas sem a incidência de episódios hemorrágicos.
Para Dr. Stein, foi uma surpresa que o genótipo CYP2CP não tenha muita influência na resposta inicial ao warfarin, mas, retrospectivamente, isso faz sentido cientificamente — os efeitos das diferenças genéticas de VKORC1 (VKORC1 sendo o alvo do warfarin) mostrariam resultados imediatamente, enquanto os efeitos das variantes genéticas do CYP2C9 necessitariam, primeiro, de concentrações diferentes de warfarin para se desenvolverem.
“Nossos resultados confirmam a relação entre o genótipo CYP2C9 e a resposta ao warfarin que tem sido observada por outros pesquisadores, mas também indicam que no início do processo de anticoagulação, o efeito do haplótipo VKORC1 é maior do que o do genótipo CYP2C9, e a presença de um alelo VKORC1 A é associada a uma sensibilidade maior e acelerada ao warfarin”, relataram os pesquisadores.

Ainda não é o momento da primeira opção

No editorial, as Dras. Shurin e Nabel disseram que, “apesar dos dados prospectivos importantes sobre a variabilidade na resposta do INR à terapia inicial com warfarin,” a abordagem ainda não é para a primeira opção. Em depoimento ao heartwire, Dr. Stein concorda com essa declaração: “Nossos dados contribuem para o campo de estudo, mas ainda há muito trabalho a ser feito”.
Entretanto, elas enfatizam que muitas pesquisas em andamento estão em processo de elucidar os caminhos pelos quais os genótipos CYP2C9 e VKORC1 influenciam a sensibilidade ao warfarin, tanto agindo sozinhos, com outros genes, ou em combinação com fatores ambientais.
Dr. Stein afirma que “existem vários estudos multicêntricos que estão sendo desenvolvidos para estudar o impacto clínico da genética — em outras palavras, para observar se existem benefícios clínicos mensuráveis. O conceito básico de randomização para tratamento padrão versus tratamento determinado por genótipo é o mesmo para a maioria dos estudos propostos.”
Entretanto, Dr. Stein alerta: “Os achados em todos os grupos serão de grande interesse, mas acredito que nós não devemos nos distanciar do subgrupo de pacientes com a necessidade das menores doses de warfarin (isto é, naqueles homozigotos como variantes); no entanto, os estudos devem ser preparados adequadamente para estudar aqueles grupos nos quais o maior impacto clínico individual é mais provável.”

Referências bibliográficas
Genetic determinants of response to warfarin during initial anticoagulation. New Engl J Med 2008; 358: 999-1008.
Shurin SB and Nabel EG. Pharmacogenomics--ready for prime time? New Engl J Med 2008; 358: 1061-1063.

http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?id=8206&LangType=1046

Diuréticos de alça podem aumentar a perda óssea em idosos

De acordo com os resultados de um estudo publicado no volume de 14 de abril do Archives of Internal Medicine, os diuréticos de alça aumentam a perda de substancia óssea em idosos.
Dr. Lionel S. Lim, MPH, do Griffin Hospital em Derby, Connecticut, e colaboradores do Osteoporotic Fractures in Men (MrOS) Study Group destacam que os idosos usam comumente diuréticos de alça, os quais aumentam a excreção urinária de cálcio, levando, conseqüentemente, a uma perda óssea. Dr. Lim declara que estudos avaliando a associação entre diuréticos de alça e densidade mineral óssea são escassos, especialmente envolvendo pacientes do sexo masculino.
A coorte desse estudo consistiu de 3.269 homens com 65 anos de idade ou mais. Entre o início do estudo e a visita de acompanhamento, 4,6 anos depois, em média, os pesquisadores determinaram o uso da medicação por um questionário, confirmado por inspeção local, e avaliaram o valor da densidade mineral óssea por um exame radiológico de mensuração da absorção óssea (DEXA) em duas sub-regiões, além do quadril. As análises foram ajustadas para idade, densidade mineral óssea do início do estudo, índice de massa corporal, alteração de peso, nível de atividade física, estado clínico, tabagismo, presença de diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica, falência cardíaca congestiva, hipertensão e uso de estatinas.
Dos 3.269 participantes, 84 foram classificados como usuários contínuos de diuréticos de alça, 181 como usuários intermitentes de diuréticos de alça e 3.004 como não usuários. O índice médio anual ajustado de declínio da densidade mineral óssea do quadril aumentou de -0,33% (intervalo de confiança de 95%[IC],-0,36% a -0,31%) para não usuários, para -0,58% (95%[IC], -0,69% a -0,47%) para usuários intermitentes, até -0,78% (95%[IC],-0,96% a -0,60%) para usuários contínuos. Análises utilizando a mudança da densidade mineral óssea do colo do fêmur e do trocânter apresentaram resultados similares.
Os autores concluem que os diuréticos de alça utilizados em idosos estão associados com aumento de perda óssea e que esse dado deve ser considerado no momento da prescrição dessas drogas aos idosos.
As limitações desse estudo incluem falta de generalização para todos os diuréticos, participantes que não retornam para uma segunda visita, informação incompleta sobre a dose do diurético, erros de indicação e contra-indicação e ausência de controle randomizado.
Comparados aos índices de perda óssea entre não usuários, os índices ajustados dos intermitentes foram duas vezes maiores e os dos usuários contínuos 2,5 vezes maiores. Pesquisas posteriores devem explicar melhor os mecanismos biológicos que incluem perda urinária de cálcio e turnover ósseo induzido pela paratireóide.

Revela a autora Laurie Barclay

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Fígado e medicamentos

O fígado, o maior órgão do corpo humano, tem uma localização central para melhor desempenhar as suas inúmeras funções. Um quarto do sangue total passa pelo fígado em cada minuto; a maior parte tem origem nos intestinos, facilitando assim a função de filtro desempenhada pelo fígado. Os alimentos que comemos ou os líquidos que bebemos são absorvidos no intestino e, ao entrarem na circulação são obrigados a atravessar o fígado antes de poderem alcançar outros órgãos ou circularem no sangue. De igual modo, sucede com todas as substâncias que, à semelhança dos alimentos, forem introduzidas no organismo pela boca, como sucede com os medicamentos, comprimidos ou soluções orais.
Outra das funções hepáticas é a metabolização das substâncias que se encontram em circulação, sejam elas provenientes do exterior ou do interior do organismo.
Esta metabolização tem por finalidade tornar inofensivo, o que pode ser agressivo, ou permitir eliminar do organismo essas substâncias pelas fezes ou pela urina. A este processo de biotransformação chama-se destoxificação. A quase totalidade dos medicamentos sofre uma transformação quando chega ao fígado.
A maioria dos medicamentos é lipossolúvel, dissolve-se em gorduras, mas para ser eliminado pela urina necessita ser hidrossolúvel, possibilidade de se dissolver na água. Este processo de destoxificação divide-se em duas fases. Na primeira, dá-se uma transformação e, na segunda, uma associação a outras substâncias.

Relação complexa entre fígado e medicamentos

Podemos agora compreender como a relação entre o fígado e os medicamentos é complexa e se pode analisar considerando vários aspectos: as alterações que o fígado provoca nos medicamentos; o medicamento como tratamento das doenças do fígado; e o medicamento como causa de doenças do fígado.
Os medicamentos metabolizados no fígado podem tornar-se mais ou menos activos consoante os produtos daquela metabolização (metabolitos) têm ou não actividade. Se um medicamento é activo e a sua transformação hepática o torna inactivo, a existência de doença hepática que atrase a transformação do medicamento pode aumentar a actividade do medicamento e para obter o mesmo efeito será preciso menos quantidade.
Pelo contrário, se o medicamento não é activo e apenas o metabolito apresenta actividade, a deficiência hepática pode ser responsável pela falta de eficácia do medicamento. As doenças hepáticas também são tratadas com medicamentos, mas infelizmente existem poucos medicamentos específicos para as alterações do funcionamento hepático. Muito frequentes são as doenças hepáticas resultantes da utilização de medicamentos. A estas, damos o nome de hepatites tóxicas ou com maior abrangência hepatotoxicidade medicamentosa.

Dois tipos de toxicidade

Consideram-se dois tipos principais consoante se pode prever a sua toxicidade ou, doutra forma é ou não dependente da dose. A toxicidade intrínseca é aquela que atribuímos ao medicamento de modo constante e que apenas depende da dose; quando se ultrapassa determinada quantidade provoca danos em todas as pessoas.
A toxicidade idiossincrática é aquela que só aparece em algumas pessoas e por esse motivo não a podemos prever. Como exemplos podemos apresentar dois medicamentos muito conhecidos: o paracetamol (Ben-u-ron®) e o ácido acetilsalicílico (Aspirina®). O paracetamol tem toxicidade conhecida, provocando lesões em todos os doentes quando administrado em quantidade superior a quatro gramas por dia. O ácido acetilsalicílico também têm toxicidade hepática mas não é possível dizer que doente vai apresentar lesões hepáticas.

Rui Marques dos Santos
Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

http://www.medicosdeportugal.pt/action/2/cnt_id/1858/

Emagrecedores podem gerar bebês defeituosos

Pesquisa alerta que medicamento para emagrecer pode provocar sérios problemas na gravidez

Um médico e um farmacêutico de Londrina foram denunciados, na última semana, pelo promotor de Saúde Pública e Direitos e Garantias Fundamentais, Paulo Tavares, por, respectivamente, receitar e vender a substância femproporex, que é uma anfetamina anorexígena, associada a ansiolíticos (calmantes) e outros medicamentos com ação sistêmica, o que é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas o medicamento não é prejudicial somente para quem a utiliza associada a outros remédios. O alerta vem dos laboratórios de Biologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL): a substância femproporex pode causar malformação fetal. A constatação é da professora Maria José Salles de Faria, a responsável pelo laboratório. Ela envolveu diversos alunos nos trabalhos, pesquisou durante um ano e meio em camundongos e publicou os resultados em uma revista científica de prestígio internacional, a Human & Experimental Toxicology. A reportagem da FOLHA constatou que a substância é procurada, principalmente por mulheres, nas farmácias. O medicamento Desobeci M, que tem a concentração de 25 mg e leva femproporex em sua fórmula é vendido, em média, por R$ 11 a cartela com 30 comprimidos.

Pesquisa

O estudo realizado na instituição londrinense, que descobriu o efeito maléfico do femproporex sobre a gestação, teve caráter de ineditismo e serviu de alerta para a comunidade científica. As fêmeas de camundongo expostas às ações da substância - em concentração de 15mg/kg - tiveram filhotes defeituosos. ''Publicamos a pesquisa em 2005, no entanto boa parte das pessoas que estão fazendo uso de tal medicamento não tiveram acesso a essa informação. Sei de casos de mulheres que tomam o femproporex durante a gravidez para não ficarem gordas no período de gestação. É um absurdo'', lamenta a pesquisadora. ''Os anorexígenos causam dependência química, algumas mulheres não conseguem interromper seu uso durante a gravidez. O femproporex se transforma em anfetamina no organismo e atravessa a membrana placentária'', completa. A pesquisa feita na UEL teve como objetivo investigar a ação do femproporex sobre as fêmeas prenhes. Os resultados mostraram que o tratamento promoveu toxicidade materna devido à diminuição do número de embriões e de fetos vivos. O peso das placentas apresentou-se diminuído no grupo de camundongos fêmeas que receberam o femproporex no período de pré-acasalamento e no período de pré-acasalamento mais prenhez. Os fetos estudados nesse grupo apresentaram rins de tamanhos inferiores ao normal. A análise comportamental das mães mostrou uma hiperatividade locomotora. Questionada se é possível afirmar categoricamente que os problemas causados aos camundongos pelo femproporex podem se repetir em humanos, a professora explica que a probabilidade de as mulheres que fazem uso da medicação enfrentarem transtornos na gravidez é real. ''Nem sempre o que é observado em camundongos se correlaciona diretamente com os humanos. Contudo, os camundongos têm fisiologia muito semelhante à nossa. Por isso, posso dizer que, na grande maioria das vezes, o que acontece com os bichinhos nas experiências científicas acaba acontecendo com os homens. Uma das provas disso é que a hiperatividade que observamos nas fêmeas de camundongos expostas ao femproporex também acontece com os humanos que usam a substância'', ressalta.

Controle nas farmácias

Nas farmácias, o controle sobre a venda do medicamento Desobeci M é rigoroso. De acordo com a farmacêutica Suemy Yabe dos Santos, que trabalha em uma das lojas de uma rede de farmácias de Londrina, a droga só é vendida se o comprador apresentar receita especial - feita em receituário azul - e com validade máxima de um mês. Além disso, é necessário que o médico discrimine o endereço, número do telefone e da carteira de identidade do paciente. A receita fica retida na farmácia. ''Ultimamente, a procura por esse medicamento está grande e a maioria das compradoras são mulheres'', atestou Suemy. José Roberto Lazzarini, diretor médico-científico do Aché Laboratórios, fabricante do Desobeci M, ao ser consultado sobre o trabalho dos pesquisadores londrinenses destacou que o uso de medicamentos contendo femproporex é expressamente contra-indicado para mulheres grávidas ou que estejam amamentando e tais recomendações constam na bula do produto. ''Os resultados do citado estudo realizado em ratas demonstraram as consequências da exposição fetal e materna ao uso de femproporex, reforçando, desta forma, a contra-indicação expressa para o uso de tal medicamento na gravidez ou durante a amamentação'', reconheceu Lazzarini.

Wilhan Santin

http://www.bonde.com.br/bonde.php?id_bonde=1-27-1-4-20080502

Pomada de insulina que acelera a cicatrização em diabéticos


A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) anunciou um creme à base de insulina capaz de reduzir o período de cicatrização de feridas em diabéticos, diminuindo o risco de amputações de membros nos pacientes. Segundo a universidade, é o primeiro medicamento deste tipo no mundo com registro de patente e que é feito à base de insulina (hormônio responsável pela redução da taxa de glicose no sangue). O produto deve chegar ao mercado até o final de 2008. Segundo os pesquisadores, é uma alternativa mais barata do que outros medicamentos que ajudam a acelerar a cicatrização em diabéticos. "Tivemos um grande sucesso com a pesquisa em animais e já iniciamos pesquisas em seres humanos. Temos 15 pacientes estudados, e os resultados são animadores. Nós queremos ampliar estes estudos para cem pacientes", disse o endocrinologista da FCM (Faculdade de Ciência Médicas) Mário Saad, um dos autores da pesquisa. De acordo com Saad, outros medicamentos para acelerar a cicatrização (sem ser à base de insulina) chegam a custar, em média, R$ 90. O novo creme pode chegar ao mercado custando cerca de R$ 10. Ele afirmou que não existe no mercado fórmula semelhante para o paciente diabético. Segundo a Unicamp, o diabetes atinge cerca de 10% da população adulta brasileira. Uma das principais dificuldades dos pacientes é a dificuldade de cicatrização de ferimentos por falta da insulina. Nos testes em ratos diabéticos, o creme à base de insulina reduziu em até seis dias o tempo médio de cicatrização. "Quanto maior o tempo da lesão aberta, maior a chance que o paciente tem de contrair infecção. Com esta pomada, nós estaremos acelerando o processo", disse a professora e enfermeira Maria Helena Melo Lima, uma das autoras. Os pesquisadores dizem que, atualmente, o tratamento de feridas em diabéticos é feito basicamente com técnicas de controle da doença e com a assepsia do local. "Algumas outras drogas podem favorecer a cicatrização, mas não acelerá-la", disse Saad. Os testes também revelaram que o medicamento não tem absorção pelo organismo e tem ação apenas no local.
http://www.saopaulo.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=90360

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Abordagem terapêutica no diabetes tipo 2 - Acrescentando um terceiro agente oral

Pergunta
Existe alguma situação na qual você consideraria a adição de um terceiro agente oral ao invés de iniciar a abordagem com insulina?


Resposta de Teresa L. Pearson, MS, RN, CDEDiretora, Diabetes Care, Fairview Health Services, Minneapolis, Minnesota
A prevalência do diabetes continua em crescimento sem previsão de acabar. Felizmente, o arsenal de medicações utilizadas no tratamento do diabetes igualmente continua em crescimento. Esse fato instaura um desafio em particular com relação ao tratamento das pessoas com diabetes tipo 2, porque a questão de qual agente e quando usar pode ser, no mínimo, confusa. Alguns algoritmos foram criados pela American Diabetes Association, juntamente com a European Association for the Study of Diabetes, [1] e a American Association of Clinical Endocrinologists [2] para guiar o médico nas decisões sobre o início e o avanço terapêutico. O julgamento clínico representa um papel importante na escolha apropriada para cada indivíduo, independente de qual algoritmo o médico selecione para seu paciente. Esses algoritmos enfatizam a importância do desenvolvimento a tempo de uma terapia para outra, caso a glicemia almejada não seja atingida.
Dado que o diabetes é uma doença progressiva, a chance de um agente ser adequado para controlar a taxa glicêmica ao longo do tempo é pequena. No Estudo Prospectivo do Diabetes do Reino Unido (no original em inglês, United Kingdom Prospective Diabetes Study – UKPDS), foi observado que em 75% dos pacientes a monoterapia não era considerada adequada para controlar a glicemia a longo prazo. [3] A adição de um segundo agente oral parece ser razoavelmente aceita, assim como recomendada. Entretanto, existem algumas questões a serem consideradas no momento da decisão de acrescentar um terceiro agente oral em comparação com o início do uso de insulina.
O fator mais relevante é o paciente. Para uma pessoa relativamente jovem e com sobrepeso, que apresenta diabetes a menos de cinco anos e possui um nível de hemoglobina glicosilada (A1C) de menos de 8%, acrescentar um sensibilizador de insulina ou até mesmo um secretagogo pode ser benéfico. Um inibidor da dipeptidil peptidase IV (DPP-IV) pode, também, ser uma boa alternativa nessa situação. Qualquer um desses agentes teria a capacidade de reduzir o nível de A1C até um valor de 1% e “segurar” a necessidade de insulina por um período. Em conjunto com um terceiro agente oral, é importante continuar com as recomendações com relação à dieta e aos exercícios, enfatizando o impacto que as mudanças no estilo de vida podem ter nos níveis de A1C, assim como na saúde geral.
Outro agente não-insulínico, apesar de injetável, é o exenatide. Levando em consideração o perfil do paciente mencionado acima, o do que o medo de agulhas.
Contudo, o diabetes é uma doença progressiva. Com uma duração maior do diabetes e uma deficiência eventual de insulina, os agentes — tais como secretagogos — tornam-se menos efetivos, e os inibidores da dipeptidil peptidase IV e exenatide parecem ser mais eficazes, precocemente, no processo da doença. Os sensibilizadores de insulina podem ainda ser eficazes caso não haja contra-indicações, mas se os níveis de A1C forem de 9% ou 10% esses podem não proporcionar grandes benefícios, e somente retardar a inevitável prescrição de insulina. Os resultados do UKPDS demonstraram que 60% das pessoas com diabetes tipo 2 precisaram de insulina para manter a glicemia desejada.
Uma vez dito tudo isso, os custos também devem ser considerados. Muitos dos novos agentes são caros, portanto, os pacientes podem ser pegos de surpresa quando utilizarem medicamentos não-genéricos. O custo potencial deve fazer parte da discussão quando considerarmos três agentes orais diabéticos, além de todos os outros medicamentos usados pela maioria das pessoas com diabetes tipo 2.
Outro fator relevante é a adesão. É importante encontrar uma abordagem que coloque o paciente na melhor situação de probabilidade de sucesso. Converse com o paciente sobre um dia típico e pergunte sobre suas experiências atuais com medicações. Fazer uma pergunta como “Muitas pessoas esquecem uma dose de vez em quando, isso já aconteceu com você?” ajudará o começo da conversa sem julgamentos. Se existe um problema com a adesão, acrescentar um terceiro agente não resolverá o problema. Converse sobre as dificuldades enfrentadas pelo paciente. O custo pode ser um desafio, enquanto o estilo de vida e o puro esquecimento também podem ser dificuldades. É de extrema importância encontrar uma abordagem que o paciente se disponibilize a seguir. Durante estas discussões, o paciente deve ser aquele a ser perguntado se é o momento para utilizar a insulina.
Em uma discussão colaborativa, o paciente pode representar um papel ativo na decisão sobre qual agente é melhor, e esse grau de envolvimento aumentará a probabilidade da adesão. Solicitar ao paciente a realização de auto-monitoração da glicemia ajudará tanto ao médico quanto ao paciente a determinar quando as metas glicêmicas não estão sendo atingidas e quando é o momento de realizar uma nova mudança na terapia. Para melhores resultados, é importante realizar o diagnóstico precocemente, começar o tratamento o mais cedo possível e avançar a terapia a cada 2-3 meses até que as metas sejam alcançadas.
Essa atividade é financiada por uma bolsa educacional independente da Novo Nordisk.

http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?LangType=1046&menu_id=49&id=8222&__taxonomyid=349

Fluoxetina alivia depressão em pacientes com seqüela recente de AVE


Em estudo publicado na Stroke (2000; 31: 1829-1832) de agosto de 2000, pesquisadores demonstram que a depressão em pacientes recentemente hemiplégicos melhora significantemente com o uso da fluoxetina.
O estudo, coordenado pelo Dr Laurent Wiart, de Tour de Gassies, em Bruges, foi realizado com 31 pacientes com história prévia de acidente vascular encefálico (AVE), isquêmico ou hemorrágico, nos últimos três meses anteriores ao estudo e que tinham escore >19 na Escala de Depressão Montgomery-Asberg.
Dos 31 pacientes, 16 foram escolhidos para receberem fluoxetina 20 mg por dia e 15 receberam placebo.
Os autores observaram que, após 45 dias, o grupo que recebeu fluoxetina mostrou uma média maior na Escala de Depressão de Montgomery-Asberg comparado ao grupo placebo, com média de 16,6 e 8,4, respectivamente.
Foi constatado ainda que, no grupo da fluoxetina, 62,5% dos pacientes responderam ao tratamento, enquanto que no grupo placebo, somente 33,3% responderam.
Os autores concluem que a fluoxetina realmente melhora os sintomas de depressão em pacientes recentemente hemiplégicos, porém, por causa da polimedicação, esta população pode ter um aumento dos níveis de transaminases.
Sendo assim, é aconselhável monitorizar os níveis de transaminases a partir da segunda semana de tratamento. No entanto, é evidente que a segurança e tolerabilidade da fluoxetina é maior do que os dos antidepressivos tricíclicos.


Utilização a longo prazo de altas doses de aspirina pode reduzir a incidência de câncer


De acordo com os resultados de um estudo de uma extensa coorte publicado no volume de 18 de abril do Journal of the National Cancer Institute, o uso de altas doses (≥ 325mg) de aspirina administrada diariamente por cinco anos ou mais foi associado a uma redução de 15% na incidência geral de câncer.
“Evidências epidemiológicas indicam que o uso de aspirina é associado à redução de riscos de câncer de cólon e provavelmente de outras neoplasias, incluindo próstata e mama”, relatou Dr. Eric J. Jacobs, PhD, da American Cancer Society em Atlanta, Geórgia. Ele lembra que estudos recentes indicam que baixas doses de aspirina (100 mg, em dias alternados) não parecem reduzir substancialmente o risco de câncer. Contudo, o efeito potencial do uso prolongado de altas doses na incidência de câncer permanece incerto.
Os pesquisadores determinaram associações entre o uso diário prolongado de altas doses de aspirina (≥ 325 mg/dia) e incidência de câncer, como também a incidência de dez tipos de câncer em 69.810 homens e 76.303 mulheres participantes do Cancer Prevention Study II Nutrition Cohort, uma população relativamente idosa. Os índices foram determinados por regressão proporcional multivariada de Cox.
Após padronização por gênero e idade, a incidência de câncer por 100.000 pessoas-ano com uso diário prolongado de aspirina e sem uso de aspirina foi 1.858 e 2.163, respectivamente, entre homens e 1.083 e 1.169, respectivamente, entre mulheres. O uso prolongado diário de aspirina foi relacionado com redução da incidência de câncer colorretal (razão da taxa de incidência, 0,68; intervalo de confiança de 95% [IC], 0,52 – 0,90; entre homens e mulheres combinados) e câncer de próstata (razão da taxa de incidência, 0,81; IC de 95%, 0,70 – 0,94) e uma diminuição não significativa em câncer de mama (razão da taxa de incidência, 0,83; IC de 95%, 0,63 – 1,10).
Os autores declararam que o uso diário prolongado de altas doses de aspirina pode estar associado com pequena redução na incidência de câncer de cólon, próstata e mama.
As limitações do estudo incluem o desenho observacional sujeito a confusão, a falta de dados sobre efeitos colaterais do uso diário de altas doses de aspirina, o poder estatístico insuficiente para avaliar o uso diário prolongado de aspirina de baixa dose e a impossibilidade de generalização para outras populações.
Uma confirmação com estudos randomizados se faz necessária antes que a redução do risco de câncer possa ser considerada como um dos benefícios do uso de aspirina. Esses estudos devem ser longos, em torno de dez anos, segundo os autores, para definir a importância clínica da droga, quem deve usá-la e em que dose.

Laurie Barclay