Pesquisa alerta que medicamento para emagrecer pode provocar sérios problemas na gravidez
Um médico e um farmacêutico de Londrina foram denunciados, na última semana, pelo promotor de Saúde Pública e Direitos e Garantias Fundamentais, Paulo Tavares, por, respectivamente, receitar e vender a substância femproporex, que é uma anfetamina anorexígena, associada a ansiolíticos (calmantes) e outros medicamentos com ação sistêmica, o que é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas o medicamento não é prejudicial somente para quem a utiliza associada a outros remédios. O alerta vem dos laboratórios de Biologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL): a substância femproporex pode causar malformação fetal. A constatação é da professora Maria José Salles de Faria, a responsável pelo laboratório. Ela envolveu diversos alunos nos trabalhos, pesquisou durante um ano e meio em camundongos e publicou os resultados em uma revista científica de prestígio internacional, a Human & Experimental Toxicology. A reportagem da FOLHA constatou que a substância é procurada, principalmente por mulheres, nas farmácias. O medicamento Desobeci M, que tem a concentração de 25 mg e leva femproporex em sua fórmula é vendido, em média, por R$ 11 a cartela com 30 comprimidos.
Pesquisa
O estudo realizado na instituição londrinense, que descobriu o efeito maléfico do femproporex sobre a gestação, teve caráter de ineditismo e serviu de alerta para a comunidade científica. As fêmeas de camundongo expostas às ações da substância - em concentração de 15mg/kg - tiveram filhotes defeituosos. ''Publicamos a pesquisa em 2005, no entanto boa parte das pessoas que estão fazendo uso de tal medicamento não tiveram acesso a essa informação. Sei de casos de mulheres que tomam o femproporex durante a gravidez para não ficarem gordas no período de gestação. É um absurdo'', lamenta a pesquisadora. ''Os anorexígenos causam dependência química, algumas mulheres não conseguem interromper seu uso durante a gravidez. O femproporex se transforma em anfetamina no organismo e atravessa a membrana placentária'', completa. A pesquisa feita na UEL teve como objetivo investigar a ação do femproporex sobre as fêmeas prenhes. Os resultados mostraram que o tratamento promoveu toxicidade materna devido à diminuição do número de embriões e de fetos vivos. O peso das placentas apresentou-se diminuído no grupo de camundongos fêmeas que receberam o femproporex no período de pré-acasalamento e no período de pré-acasalamento mais prenhez. Os fetos estudados nesse grupo apresentaram rins de tamanhos inferiores ao normal. A análise comportamental das mães mostrou uma hiperatividade locomotora. Questionada se é possível afirmar categoricamente que os problemas causados aos camundongos pelo femproporex podem se repetir em humanos, a professora explica que a probabilidade de as mulheres que fazem uso da medicação enfrentarem transtornos na gravidez é real. ''Nem sempre o que é observado em camundongos se correlaciona diretamente com os humanos. Contudo, os camundongos têm fisiologia muito semelhante à nossa. Por isso, posso dizer que, na grande maioria das vezes, o que acontece com os bichinhos nas experiências científicas acaba acontecendo com os homens. Uma das provas disso é que a hiperatividade que observamos nas fêmeas de camundongos expostas ao femproporex também acontece com os humanos que usam a substância'', ressalta.
Controle nas farmácias
Nas farmácias, o controle sobre a venda do medicamento Desobeci M é rigoroso. De acordo com a farmacêutica Suemy Yabe dos Santos, que trabalha em uma das lojas de uma rede de farmácias de Londrina, a droga só é vendida se o comprador apresentar receita especial - feita em receituário azul - e com validade máxima de um mês. Além disso, é necessário que o médico discrimine o endereço, número do telefone e da carteira de identidade do paciente. A receita fica retida na farmácia. ''Ultimamente, a procura por esse medicamento está grande e a maioria das compradoras são mulheres'', atestou Suemy. José Roberto Lazzarini, diretor médico-científico do Aché Laboratórios, fabricante do Desobeci M, ao ser consultado sobre o trabalho dos pesquisadores londrinenses destacou que o uso de medicamentos contendo femproporex é expressamente contra-indicado para mulheres grávidas ou que estejam amamentando e tais recomendações constam na bula do produto. ''Os resultados do citado estudo realizado em ratas demonstraram as consequências da exposição fetal e materna ao uso de femproporex, reforçando, desta forma, a contra-indicação expressa para o uso de tal medicamento na gravidez ou durante a amamentação'', reconheceu Lazzarini.
Wilhan Santin
http://www.bonde.com.br/bonde.php?id_bonde=1-27-1-4-20080502
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Um comentário:
Oi Lindinhas,adorei o blog de vocês e gostei muito dessa postagem de alerta as gestantes e mães que amamentam, pois a maioria não tem noção do perigo,e fazem loucuras para emagrecerem sem preocupar-se com as consequências.Seria bem mais fácil se fizessem uma dieta balanceada e atividade física,dessa forma não estariam prejudicando elas e nem os seus futuros bebês.Uma criança saudável da trabalho, imagina uma com algum tipo de deficiência. Por isso é extremamente importante a informação, quanto maior for o seu alcançe, melhores resultados.
Beijos!!!!
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