Pergunta
Existe alguma situação na qual você consideraria a adição de um terceiro agente oral ao invés de iniciar a abordagem com insulina?
Resposta de Teresa L. Pearson, MS, RN, CDEDiretora, Diabetes Care, Fairview Health Services, Minneapolis, Minnesota
A prevalência do diabetes continua em crescimento sem previsão de acabar. Felizmente, o arsenal de medicações utilizadas no tratamento do diabetes igualmente continua em crescimento. Esse fato instaura um desafio em particular com relação ao tratamento das pessoas com diabetes tipo 2, porque a questão de qual agente e quando usar pode ser, no mínimo, confusa. Alguns algoritmos foram criados pela American Diabetes Association, juntamente com a European Association for the Study of Diabetes, [1] e a American Association of Clinical Endocrinologists [2] para guiar o médico nas decisões sobre o início e o avanço terapêutico. O julgamento clínico representa um papel importante na escolha apropriada para cada indivíduo, independente de qual algoritmo o médico selecione para seu paciente. Esses algoritmos enfatizam a importância do desenvolvimento a tempo de uma terapia para outra, caso a glicemia almejada não seja atingida.
Dado que o diabetes é uma doença progressiva, a chance de um agente ser adequado para controlar a taxa glicêmica ao longo do tempo é pequena. No Estudo Prospectivo do Diabetes do Reino Unido (no original em inglês, United Kingdom Prospective Diabetes Study – UKPDS), foi observado que em 75% dos pacientes a monoterapia não era considerada adequada para controlar a glicemia a longo prazo. [3] A adição de um segundo agente oral parece ser razoavelmente aceita, assim como recomendada. Entretanto, existem algumas questões a serem consideradas no momento da decisão de acrescentar um terceiro agente oral em comparação com o início do uso de insulina.
O fator mais relevante é o paciente. Para uma pessoa relativamente jovem e com sobrepeso, que apresenta diabetes a menos de cinco anos e possui um nível de hemoglobina glicosilada (A1C) de menos de 8%, acrescentar um sensibilizador de insulina ou até mesmo um secretagogo pode ser benéfico. Um inibidor da dipeptidil peptidase IV (DPP-IV) pode, também, ser uma boa alternativa nessa situação. Qualquer um desses agentes teria a capacidade de reduzir o nível de A1C até um valor de 1% e “segurar” a necessidade de insulina por um período. Em conjunto com um terceiro agente oral, é importante continuar com as recomendações com relação à dieta e aos exercícios, enfatizando o impacto que as mudanças no estilo de vida podem ter nos níveis de A1C, assim como na saúde geral.
Outro agente não-insulínico, apesar de injetável, é o exenatide. Levando em consideração o perfil do paciente mencionado acima, o do que o medo de agulhas.
Contudo, o diabetes é uma doença progressiva. Com uma duração maior do diabetes e uma deficiência eventual de insulina, os agentes — tais como secretagogos — tornam-se menos efetivos, e os inibidores da dipeptidil peptidase IV e exenatide parecem ser mais eficazes, precocemente, no processo da doença. Os sensibilizadores de insulina podem ainda ser eficazes caso não haja contra-indicações, mas se os níveis de A1C forem de 9% ou 10% esses podem não proporcionar grandes benefícios, e somente retardar a inevitável prescrição de insulina. Os resultados do UKPDS demonstraram que 60% das pessoas com diabetes tipo 2 precisaram de insulina para manter a glicemia desejada.
Uma vez dito tudo isso, os custos também devem ser considerados. Muitos dos novos agentes são caros, portanto, os pacientes podem ser pegos de surpresa quando utilizarem medicamentos não-genéricos. O custo potencial deve fazer parte da discussão quando considerarmos três agentes orais diabéticos, além de todos os outros medicamentos usados pela maioria das pessoas com diabetes tipo 2.
Outro fator relevante é a adesão. É importante encontrar uma abordagem que coloque o paciente na melhor situação de probabilidade de sucesso. Converse com o paciente sobre um dia típico e pergunte sobre suas experiências atuais com medicações. Fazer uma pergunta como “Muitas pessoas esquecem uma dose de vez em quando, isso já aconteceu com você?” ajudará o começo da conversa sem julgamentos. Se existe um problema com a adesão, acrescentar um terceiro agente não resolverá o problema. Converse sobre as dificuldades enfrentadas pelo paciente. O custo pode ser um desafio, enquanto o estilo de vida e o puro esquecimento também podem ser dificuldades. É de extrema importância encontrar uma abordagem que o paciente se disponibilize a seguir. Durante estas discussões, o paciente deve ser aquele a ser perguntado se é o momento para utilizar a insulina.
Em uma discussão colaborativa, o paciente pode representar um papel ativo na decisão sobre qual agente é melhor, e esse grau de envolvimento aumentará a probabilidade da adesão. Solicitar ao paciente a realização de auto-monitoração da glicemia ajudará tanto ao médico quanto ao paciente a determinar quando as metas glicêmicas não estão sendo atingidas e quando é o momento de realizar uma nova mudança na terapia. Para melhores resultados, é importante realizar o diagnóstico precocemente, começar o tratamento o mais cedo possível e avançar a terapia a cada 2-3 meses até que as metas sejam alcançadas.
Essa atividade é financiada por uma bolsa educacional independente da Novo Nordisk.
http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?LangType=1046&menu_id=49&id=8222&__taxonomyid=349